16 setembro 2009

Demasiado incerto


Por terem corrido o mundo, talvez estes dois motoqueiros achassem terem visto o de tudo que poderiam ja ter visto. Terem visto, sentido, ouvido. Se consideram homens do mundo, pois o mundo, teoricamente ao seus pés, foi corrido muito pelos dois. Agora, em cima da velha moto, passava pela muralha da China, deixando para trás o Himalaia, Nepal e etc.

O único som presente era o som da moto que dirigia-se a uma estrada que não tinha fim. O fim sempre bem perto da morte, mas a morte sempre a espreita de longe, muito longe... você nunca espera, mas ela sempre te aparece nas piores vezes. Uma merda.

E por isso a moto derrapou quando um animal tentou cruzar a estrada. A moto derrapa com velocidade e o rapaz que estava atrás é lançado para longe, mais ou menos 2 metros de altura e arrastado mais uns 15 metros pelo chão, corroendo toda sua pele.

Com o corpo ainda quente e vivo sem parte do orgão epitelial para protegê-lo, levantou-se do chão. Ele sentia uma costela quebrada, um braço quebrado. Parecia que uma mão gigante fechou e abriu várias vezes com ele dentro. Latejava o corpo inteiro.

Fernandez? Fernandez?, ele procurava seu companheiro de 4 anos de viagem. Ele precisava vê-lo, com tantos machucados, só poderia morrer. Sentia um dor enorme, começou a chorar pois não ouvia nada. Alias, ouvia sim. Tosses fracas.

Toda aquela poeira não fazia ele enxergar coisa alguma. Não eram tosses fracas, mas sim dificuldade de respirar. O seu companheiro era asmático.

Fernandez! Fernandez, mierda!, gritava desesperado, se arrastado para encontrar o amigo. O excesso de esforço o deitou tonto e o fez desmaiar. Morreu antes de ver seu amigo.



Acordou em uma maca. Perguntou o que fazia ali e o médico havia dito que camponeses encontraram eles e levaram para o posto médico da fronteira. Ele havia fraturado duas costelas, quebrado um braço, uma perna, uma fissura no pulso, cortado o rosto, ralou do ombro a batata. Levou 7 pontos no rosto o que deixaria uma cicatriz daquele momento para sempre.

Onde está, Fernandez?! Onde está? Ele já está bem?, perguntou desperado.

Ele morreu, disse o médico com um olhar vazio.

Fez-se um silêncio de alguns segundos no ambiente.

Mas como... vocês me curaram... o que ele teve?, disse o homem revoltado com toda a situação. Tinha certeza de ter visto o seu amigo intacto, apenas tossindo.

Bem, senhor... a poeira agravou o quadro de asma... ele teve uma parada cardiorespiratório e morreu.

3 comentários:

Anônimo disse...

... e aí vem a culpa: Porque ele foi, e eu não?!

tem um filme lindo que fala disso "antes que o dia termine".
(:

luanidades disse...

é liindo meeeeesmoo! veja você também :)))

luanidades disse...

isso também tem cara de um filme de vestibular. Che Guevara... não lembro o nome!