meu vazio no qual não vejo,
espero que um dia eu o despeja de mim.
muitas vezes triste, não sabia onde ir,
apenas viajava nos rabiscos e riscos
do lápis no papel.
moribundo das dores,
escolhido por Ele,
para descrevê-los e anotá-los,
os mais temidos horrores já sentidos
na vida de um ser humano.
hoje sofremos bem mais e mesmo assim
todos os homens continuam a ser fechados como aço
e as mulheres a sempre chorarem
em filmes comédia românticos.
todos esquecem de viver a vida,
que foi esquecida em algum momento do passado.
todos sofrem mais do que se sofria,
com a morte dos amigos da ditadura,
ou os que não aguentavam tamanha tortura,
e embriagavam-se de loucura,
hoje sofrem por perder o anel no bueiro,
de esquecer a chave do carro no chaveiro
da casa,
todos gritam no engarrafamento de uma rua.
de beleza, não tem nada.
fumaça em cantos, buzinas a cada esquina.
tudo num descontrole, que prezo os mortos
por não terem vivido este circo.
ah, quem me dera não ter visto
aquele lápis e papel no meu quarto.
quem me dera não ter pensado:
se eu escrever minha dor,
será que passa?
não sabia como era um vício indolor,
nem um vício fumado.
um vício de sentir o e não expulsá-lo de si,
até escrever em um papel,
o que dentro de nós, está enjaulado.
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