07 julho 2010

rubrica

é espesso.
é um brilho denso,
é a voz, é o som.

um vento quente contorna
meu corpo frio e sedento.

as velhas histórias velhas,
as mesmices amorosas.

e tão claro como sol é
de se perceber que no
mundo é todos nós em um.

tudo que queremos, são tão pouco,
num minuto são mandados longe,
em um minuto, ganhamos tudo.

tão pouco e tão valioso,
pequenos diamantes rolando
na ladeira a baixo e todos nós

correndo para pegar um deles.

os velhos chatos,
achando que suas vidas são
experiências e suas dicas,
mesmices de que todos
passam quinhentas vezes.

e aí nos tornamos velhos,
e não temos mais olhares
apaixonados e adrenalina
para isso.

e num recall, um feedback,
dores voltam, sempre voltam,
as feridas nunca cicatrizam,
mas acostumamos com a dor
adormecida.

pensamentos oriundos da
liberdade de escolha
quase limitada a sorte
e a emoção.

razão tão pouca,
frios são aqueles
que razão nenhuma respondeu
as suas frustrações emocionais.

e os belos, narcisistas
nuncamente negados,
inseguros por pensarem não serem
nada além disso.

olhares pelas ruas,
olhares entre duas pessoas,
o valor é tão mínimo
fora do padrão social.

e todos tristes e ao mesmo
tempo lutando por um
espaço na felicidade
entre os tristes.

ninguém se contenta, então,
todos enrolados em braços,
e carentes de uma emoção,
porque não sabem quando
sentirão isso novamente.

e percebem que nunca
saberão quando isso irá acontecer,
e vemos porque as pessoas
vivem sempre no medo:

a carência é uma arte maligna,
o carinho uma dormência do medo,
mas a insegurança é a doença sem cura.

e quando impessoais somos,
acontece pela emoção do contato
não chegar aos nossos corações.

frios sem corações,
só existem os sociopatas.
todos os outros,
são suas feitos pelas suas ondas de calor.

os pêlos se arrepiam,
os mundo gira, gira,
e sempre caímos.
somos paraquedistas.

e brilhamos, ofuscamos
em reflexo do sol,
um pontinho preto no meio das nuvens.

ah! se fosse tão pó,
tão sujo, se a vida fosse
feita de tópicos.

é o hedonismo mais vivo
que o prazer de viver.
tão louco.

e tudo tão incerto,
como sempre, a insegurança,
incurável percorrendo nossas veias.

alguns negam, outras não.
mas todos vivem com tais no peito.

mas assim segue-se, um
mundo evasivo e individualista,
como todos sabem.

e o sentido das coisas
se perdem mesmo tendo sentido,
porque tudo se torna relativo.

e quando tu percebe a sua
insignificância. ninguém
pode argumentar sobre sua importância
além de você mesmo.

porque a insignificância se descobre
quando alguém que tu acreditas
te dar valor, lhe menospreza.

e daí, suas defesas,
são indefesas, você se
defende do que você mesmo
está acreditando.

você tenta sair do que
você mesmo lhe colocou.
num lugar sutil, sombrio,
pouco pacato.

e não há, mesmo
além de você no mundo,
por que todos são
o mundo e você,
bem, só é você.

solidão sempre aparece
nas horas quando, não queremos ficar só.
e quando queremos ficar só,
ficamos só.

não há meio termo,
nem equilíbrio ou justiça.
as coisas são como são.

se eu não acredito assim,
viverei inconformado com a vida inteira.
não tem motivos para a existência das coisas.

ninguém sabe de onde vem nada.
nem você precisa saber,
você faz parte da criação,
e não do criador.

quem quer ou que coisa
é que seja que tenha
feito surgir tudo.

e se o resto faz parte do mundo,
você está só, em suas mágoas,
e seus nós na cabeça.

seu companheiro é o mundo, meu caro,
pernoite a vida e ganhe seu espaço.

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