06 março 2009

Frangalhos

Estou aqui,
Como farelos de pão,
Como frangalhos de roupa,
Como penas soltas de uma galinha,
Como a madeira decomposta pelo cupim.
Como a casca da tinta caindo da parede.

Estou aqui,
Suspenso no ar,
Em cima de um lindo jardim,
No qual não posso tocar.

Eu estou aqui,
Como folhas caindo no outono,
Como folhetos caídos na calçada,
Como cabelos caindo de uma careca,
Como peixes morrendo em um lago.

Estou aqui,
Debaixo da terra,
Sufocado pelo ar da atmosfera,
Do qual não quero respirar.

Eu estou aqui,
Como pedaços de um corpo,
Como unhas caídas de um dedo,
Como olhos saltados de um morto.

Eu estou aqui,
Como formigas em um jardim,
Como uma torcida em um estádio,
Mais um indíviduo,
Entre muitos outros,
Com o mesmo estado.

Eu estou aqui,
No meio do nada,
Sem saber onde ir,
Sem saber onde voltar,
Nem voltas, só pra variar,
Pra não ficar parado,
Onde exatamente estou,
E infelizmente...

Não quero sair do lugar.

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