28 junho 2010

e nas mais leves brisas
o mar se encontra revoltado,
as ondas balançam,
nada fica parado e

por um momento só,
tudo por um único momento,
mudam-se as coisas,
reviram-se as voltas

que o mundo dá,
deixando tudo de
cabeça para baixo.

um vento só, um vento só,
o assobio passando ao ouvido
um assobio feito,
o corpo dá um nó,
estou com um frio,
vamos nos esquentar,
vamos nos aquecer.

21 junho 2010

corra. os passos iam batendo e cada som surdo ecoava por todo meu corpo. meu cansaço me afastava de meu objetivo e eu continuava correr, corra. eu queria alcançar, eu precisava sair de onde eu estava e ir em frente. o mundo é todo torto e eu sou ereto. eu corria e não parava, o suor escorria pelo rosto e pingava pelo queixo. cansaço, ofegava e continuava, repetidamente, não me esquecia de meu objetivo, corria. os pés batiam, paf, paf, paf, paf, rapidamente, seguidamente, quase uma hipnose. já ouvia o som das ondas batendo nas pedras, corria perto do mar e tudo fazia o maior sentido, estava chegando perto da linha de chegada, corria mais rápido e apressei mais ainda a minha corrida, correndo. corri. corri como nunca e meu peito doía e eu sentia falta de ar e o barulho do vento e a água batendo nas pedras e falta segundos pra linha de chega e eu cheguei. quando passei dela e consegui pular. saltei do despenhadeiro.

18 junho 2010

ao mar, marinheiro

algumas coisas simplesmente dão voltas. parecem se repetir e continuar aparecendo, situações, aquelas mesmas que você acaba achando que cometeu os mesmos erros; pessoas que, de alguma forma, se parecem com aquela anterior, e tudo vai seguindo. não entende e quando percebe, não vê a diferença, um deja vú.

são situações estranhas e parecem as vezes estúpidas no sentido de aparecer tão repetidamente mesmo havendo uma chance ridícula de que aconteça novamente. são breves, são como velhos, são estranhos.

o navio afunda-se de tamanha lentidão que você perde a ansiedade de morte e simplesmente caminha-se em sua direção sem entender o sentido, a cor, o cheiro... e as coisas vão se perdendo com a água que alcança seus pés no cubículo que você se encontra preso, sem poder sair com a porta trancada. e ouve os gritos das pessoas lá em cima e quando olha para baixo a água chega ao seus joelhos e você sente por um momento que já está perto a sua ida e você se arrepia. os olhos esbugalham. a injeção de adrenalina no corpo. as mãos tremendo sem controle. chega a cintura. você agarra-se a algo e espera chegar, aos poucos, passando o abdómen, o toráx, chegando ao pescoço. um ultimo pensamento, um ultimo suspiro e uma boca procurando encontrar o máximo de folêgo. e água.

17 junho 2010

é numa bela noite que as vezes tudo se transforma. um pouco de delicadeza as vezes pode acabar tornando tudo mais bonito. a selvageria pode colocar tudo ao mais exótico. são pequenas doses de atitudes diversas, sem o medo do arrependimento e o pensamento do amanhã, com que poderia transformar momentos para que sejam maravilhosos. é necessário pensar de forma mediana e agir de forma incisiva, sempre procurando viver bem e a dose alcançando um limite. viver bem e no limite. tudo pode ser, na medida certa. basta ser. relaxe, feche os olhos e sinta-se a vontade.

15 junho 2010

as coisas as vezes não duram mais do que uma semana. não vejo muito propósito nisso, nem porque esta cronologia, mas periodicamente se restringem dessa forma. vamos agora então, ao esquecimento. e isso dura muito mais do que uma semana. quando se é alegria, durasse uma semana e naquele domingo, você já lembra desanimado. mas sempre, sempre uma semana.

Reação

em mim,
bem comum
e despercebido.

estou sumindo,
aos poucos,
e não sei
de onde vem isso.

procuro em meus olhos,
nos espelhos,
a vivaz que deveria
haver.

não tenho ódio,
nem rancor.
não me encanto,
nem há amor.

apenas seguir,
em vazio
e por fim,
se libertar.

13 junho 2010

Uma velha e safada experiência

é num desleixo próximo
e tudo progride
de forma sucinta.

é, sem tu, és,
e é melhor crer,
deixa passar.

é uma beleza fétida,
todos querem,
apreciam e naquele momento não me perco.

é, eu sei onde todos estão,
consigo me entender,
vendo tudo que não entendo.

mas ao estar só, como ei
de me identificar?
é necessário conviver

para saber diferenciar
e analisar suas escolhas.
péssimo.

tudo vai se criando,
até a solidão por
motivos de convivência.

uma velha e safada experiência.

11 junho 2010

Mata

em torno de mim,
não vejo muito o que há.
é áspero respirar
naquele lugar.

por mim, nada teria
acontecido como
aconteceu.

as pessoas não
querem ouvir as versões,
apenas sentar e
lamentar.

é triste imaginar
que de alguma forma,
nada que foi feito
ao fato que está dito,
tenha tido sentido.

sentido nenhum
deveria ter naquele ponto.
deveriam todos,
enxergar que naquele momento
não era pra estar assim.

todos deveriam ser solidários,
generosos e com compaixão,
mas seus roteiros
não lhe explicavam o que era
ser assim.

então, olhei-os
examinei-vos e nas
minhas teorias brevemente
falsas e sempre erroneas,
fico retroativo,
guardado a mim.

aguardando o fim.

10 junho 2010

na briga na rua,
ferozmente eu procuro,
tento as vezes,
é difícil.

a tentação do esquecimento,
sozinho penumbro a noite,
caminho sonolente preso ao rosto.

olho ao redor,
nada demais aos demais
que se encontram
naquele lugar.

por feitos, dias,
almejo em crer
na livre espontanea
de todos que querem
viver, viver, viver

viver, viver, viver.
ah, vivem,
pelo menos,
é o que eles acreditam.