21 julho 2009

Diário do Andarilho


- Seridade, meu caro jovem. - é a resposta do velho.
Velho sábio, de túnica, mãos curvadas sobre o ventre, olhando para você, de olhos profundos com barbas de quatro palmos.
(Hoje me expresso em história)
Desordenado, o jovem, aquele antigo jovem (das antigas histórias de meu blog), o andarilho, abandonado em seus pensamentos, sem noção ao que acontecia no mundo ao seu redor, caminhava. Grama seca, curta, uma planície repleta de beleza. O atleta da vida, que rodou estradas e estradas a procura de nada além de paz - o que seria um tanto simplório ou ambicioso? - estava desnorteado pelas palavras do ancestral.

Não sabia o que falar para si mesmo, sem consolos, dúvidas, nada. Zero e puro, sua alma parecia estar parada, parecia adormecer com as mãos sobre o ventre igual ao homem dos conselhos espirituais que acabara de ver. Estava muda, nada gritava, seu coração, seus anseios sumiam, não havia medo.
E isso lhe trazia medo... e insegurança.

Porque não havia nada a temer nem proteger, fazia o rapaz enlouquecer. Algo havia errado. "Ou esta é minha paz?" pensou. Pensou, pensou, pensou, pensou, pensou, pensou e pensou. E desistiu. Calma aí, desistiu de não pensar mais, depois de tanto pensar, pensar, pensar, pensar e pensar.

Desistiu de pensar e foi sentir. Sentiu, sentiu, sentiu, até não sentir nada. Desistiu. Também não foi de entender o que estava havendo, mas desistiu de sentir, sentir, sentir e sentir.

Então procurou, por um momento, onde estava, olhar o local. Paz. A paisagem, a grama rasteira. Sentou. Olhou, olhou, olhou e olhou. Sem sentir e sem pensar. Tornou a olhar e o vazio parecia um jorro de energia. Entrou abruptamente em seu corpo e seus orgãos pareceram sumir da gravidade da terra e flutuar com mais leveza. Dentro, tudo flutuava com maior leveza, o olhar, não sentir, nem pensar, apenas fazer. Andar como uma andada e responder como uma resposta. A mais limpa atitude de um homem, feita por instintos e sem pretensões. Este rio de "energia vazia" passava por seu corpo e ele sentia passar em direção a terra. Era um sentimento físico e sentimental. Era tudo em um vazio. Era nada com tudo. Ele percebia o significado da matéria e anti-matéria, o Yin e Yang, da ação com uma reação. Ele entendia tudo, sem pensar em nada, e não precisava entender nada, porque parecia saber de tudo.

Um conhecimento adentrava seu corpo, não sua mente - vale citar -, e ele sentia-se confiante e o medo havia sumido. O sentimento "físico-sentimental" começava a realçar em suas feições, uma calmaria agindo sobre seu consciente. A consciência de que seu incosciente estava agindo, não havia explicações. Seu incosciente estava fazendo alguma coisa.

"Esse velho safado é esperto!" pensou.

Paz.

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