27 março 2008

Diário do Andarilho

Sim, estava despreparado.

Foi o que aconteceu e por isso aquele cigano chegou ali. Com minha falta de humildade, batalhei com o demônio. O demônio que em seus olhos refletia eu mesmo. Não quero entrar em detalhes, agora, contarei neste diário mais a frente, quando conseguir voltar ao meu caminho. Isso, voltar, pois, me perdi no momento em que achei que poderia descobrir tudo e acreditar no que eu achava que era correto para mim. O mundo em volta, se torna disperso e a realidade confusa no momento em que achamos que só a nossa verdade existe. Precisei me reestruturar novamente. Agora, concordo o que muita gente falou pelas estradas por onde passei. A verdade dói. No entanto, depois disso tudo, eu estava feliz.

Eu estava feliz, pois me sentia novo, como foi quando comecei a minha caminhada. Quando comecei a sonhar nos paraísos que iria conhecer, nas pessoas e nos estranhos animais. E vou conhecer mesmo, porque agora irei vê-los com outros olhos. Então tudo novamente se tornou novo e minha humildade voltou. Bendito seja o cigano. Há muito tempo atrás me lembro de quando escrevi neste mesmo diário em que a noite tinha escurecido e estava certo no caminho em que estava levando. E agora nada sei, nem por onde seguir, só sei que devo recomeçar. Terei que lidar com os mesmo problemas diários, porém, com outros olhos.

Comecei a reaver as coisas de minha mochila, joguei alguns livros fora, não seriam mais do meu interesse, por isso, fiz uma doação a uma biblioteca da cidade local. Partiria amanhã, sem demônio, sem saber pra onde ir, sem muito planejamento. Estou deixando sair naturalmente. Fluir, como flui o sangue no meu corpo. Estou ansioso para reaver minha caminhada.

Estou ansioso por viver.

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