10 fevereiro 2008

Diário do Andarilho

Em meus mais desconhecidos caminhos, andava calmamente pelas planícies de uma cidade local, adimirando as tulipas que ficavam ali, dançando ao sabor do vento. Andava calmamente sem carregar coisa alguma, sendo então um relaxamento. O sol ainda estava para se pôr, declarando que a tarde estava acabando e que eu supostamente voltaria logo. Sentei no meio da planície e fiquei acompanhando com os olhos aquelas lindas flores dançarem junto com a brisa. Era como uma terapia ao meu estresse e aos meus problemas que poucos tinham no momento. Tudo ia correndo bem, meu caminho parecia estar começando a ficar forte e resistente, poucos conseguiriam me fazer parar. Conseguiria chegar até onde minha alma e meu coração queria continuando no ritmo que me encontrava no momento. Os bastidores de minha caminhada ficavam impressionado com meu desenvolvimento rápido e como adiquiria experiência e raciocinava rápido. Me orgulhava disto e seguia em frente sem agradecer e sem bajular de mim mesmo para não mostrar egoísmo. Estava tudo maravilhosamente bem. Até hoje.

Até agora. Lá, eu, sentado nestes lindos campos que nunca tinha passado, senti a presença do que já tinha esquecido na primeira semana que tinha se passado por mim. Mostra como nós seres humanos somos adaptáveis e passageiros,receptíveis a mudanças. Não esperava que algo acontece logo neste instante, tornei aquele momento como algo do passado e que nada seria modificado e nem que ocorreria mais além do que já tinha acontecido. Procurei com meus olhos sem mover minha cabeça, tentando desfarçar meu nervosismo diante da situação intrigante. Não vi nada.

Passei quase uma hora com essa sensação e sem mover um membro do meu corpo. Eu tinha certeza de que ele estava me espiando, afinal, por uma hora ele já teria feito alguma coisa comigo. O sol começou a tocar na planície e mostrar o dourado da natureza e o brilhar das tulipas brancas. Por um momento me distanciei da situação e fiquei observando essa beleza natural. O sol parecia acariciar a terra que continuava dançante, pela brisa que soprava eternamente entre as folhas e flores. Um galho se quebra atrás de mim para a esquerda. Vacilei. Ouvi os passos chegando até mim e um barulho leve e continuo de uma lâmina cortando as flores.

Não tinha mais jeito. Me virei bruscamente. Estava completamente nu de armamento e ele poderia me matar a qualquer momento. Era aquele cigano o qual me encontrei a meses atrás, com cabelos grisalhos e barba mal feita, o que conseguiu me trazer medo na minha era de novas descobertas em terrenos desconhecidos que agora pra mim já eram como quintais de minha casa. Sabia onde ficava a caça, onde é o melhor lugar pra assar, os rios, quais são gelados, os ursos, onde eles moram e quais suas cavernas, cidades, vilarejos, famílias que moravam neste continente. E agora, acustumado a ele, perdi o senso do perigo sentindo-me seguro e acabo de ser pego de surpresa por este cigano. Aquele das orelhas furadas com várias argolas diferentes. Aquele que tinha um olhar negro e vazio quando concentramos nossa visão dentro dele. Era o demônio.

E o demônio estava na minha frente, segurando uma espada e espantosamente fazendo uma feição que eu achava ser desconhecida na vida desses seres maléficos. Ele segurava a lâmina abaixada na sua mão direta e olhava para mim diretamente e sorria. Sim, o demônio sorria em direção a mim, mostrando seus dentes amarelos, mas todos firmes em sua mandíbula.
- Olá andarilho - disse ele. Sorrindo.

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