A garota que faz algo. Normalmente muitas delas agem de
acordo com suas ideias, sentimentos mais, até porque são feitas por estrogênio,
hormônios, coisa e tal. Sabe, essas químicas respondem sempre alguma coisa, não
fez meu tipo, mas o meu tipo é coisa plausível e lógica e essa baboseira
química tem sentido. Nunca fui muito de sentir e preservar meus instintos para
localizar os pontos que definem as ações humanas. Talvez a solidão seja feita
para mim, até porque fico despreocupado em ver o que as pessoas se esforçam
tanto em elaborar, construir sobre elas e passar ao mundo. Qualquer ponto deste
tipo me cansa, sempre alguém tentando transparecer algo e não há paciência para
essas coisas. Ninguém tem na verdade.
Cometo o crime então de olhar além para as conversas, nunca
estou realmente dentro delas. Ignoro a maior parte das coisas e o que mais faço
é responder um sim diante de todo o papo longo e reflexivo que nunca leva a
lugar nenhum até porque inércia, diria eu, faz parte da essência humana. Essas ações
mirabolantes para se conquistar algo vem mais do orgulho do que da vontade de
mudar. A personalidade orgulhosa é perigosa, diga-se de passagem.
Enfim, a garota faz algo. Conheço-a passando pelas casas de
minha rua e concluo ser vizinha nova. Linda e não sei dizer se é mais velha ou
mais nova, daquelas que são inesperadas por uma cabeça vazia, ou uma cheia de
ideias que nunca construiu, apenas para se julgar melhor que a maioria da
população inerte de ideias de atual. Mas mesmo assim, decepcionante. Mas ela
faz algo.
Vejo os olhares e o samba das pernas quando anda e decido
que eu tenho algo a ganhar naquilo ali. Homem, como sempre é um estudo empírico
das mulheres e sempre recaem ao lado positivo, todos com ego acima deles mesmo.
Por isso que os homens são tão burros, violentos e a humanidade vez ou outra
desaba em alguma situação pitoresca, por este ego idiota.
Mas de qualquer jeito, quando ela faz algo, todos se perdem
em um contexto louco envolvendo o seu mundo, tudo que ela diz, ou diz fazer, ou
que ele a vê fazendo, tem intrínseca relação em atingi-lo e desafiá-lo e ele
não pode deixar isso passar. É uma desconfiança que só.
É nessas horas que aprendi: deita na cama e vai ler um
livro, esta loucura não resolve meus problemas. Mas que problemas resolvidos
não me dão por contente, também não resolvem as profundas satisfações insatisfeitas
que urgem de meu ser.
Da minha alma nada se vê, tudo se quer, mas nada se pode.
Vamos meditar e dormir, pois viagens astrais são mais atrativas que a realidade
de um bocejo da vida.